quinta-feira, 11 de julho de 2013

JORNAIS


Os jornais são o ponteiro dos segundos no relógio da história. Na maioria das vezes, porém, além de ser fabricado com metais menos nobres do que o dos outros ponteiros, raramente funciona de modo correto.

Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Schopenhauer sobre as Manifestações

Schopenhauer sobre as Manifestações 

A grande massa pensa muito pouco, porque lhe faltam o tempo e a prática necessárias. Porém, assim conserva por muito mais tempo seus erros; por outro lado, não é, como o mundo dos eruditos, um catavento comandado pela rosa-dos-ventos, que muda diariamente de opinião. E isso é muito bom: pois imaginar a grande de pesada massa num movimento tão rápido é um pensamento assustador, sobretudo quando se leva em consideração tudo o que poderia arrebatar e derrubar com suas mudanças.

Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

A vontade é o elemento fundamental




"A vontade é o elemento fundamental a fim de trazer o sentido das coisas e do mundo. É essa união entre o corpo e o sentimento, que proporciona a essência metafísica elementar: a vontade da vida."

SCHOPENHAUER, Arthur. In 'O Mundo como Vontade e Representação'.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O ERUDITO



A erudição me parece comparável a uma couraça pesada, que de fato faz com que o homem forte seja invencível, mas constitui um peso para o fraco, que sucumbe totalmente a ele.


Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

Tudo passa...




"Não há nada fixo na vida fugitiva:nem dor infinita,nem alegria eterna,nem impressão permanente,nem entusiasmo duradouro que possa durar toda a vida!Tudo se dissolve na torrente dos anos."

Arthur Schopenhauer-Dores do Mundo

Os franceses



As outras partes do mundo têm macacos; a Europa tem franceses. É a mesma coisa.


Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Encolerizar o adversário



“Provoca-se a cólera do adversário, para que, em sua fúria, ele não seja capaz de raciocinar corretamente e perceber sua própria vantagem.”

Arthur Schopenhauer - Como vencer um debate sem precisar ter razão – em 38 estratagemas (dialética erística)

A filosofia futura



Quem quiser me superar poderá fazê-lo na largura, mas não na 
profundidade.

Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

A escrita



A pena representa para o pensamento o que a bengala representa para a caminhada; mas o passo mais ágil é o que se dá sem bengala, e o pensamento mais perfeito, o que se completa sem a pena. Somente quando começamos a envelhecer é que nos servimos de bom grado da bengala e da pena.

Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar

sábado, 29 de junho de 2013

Aforismos sobre a Sabedoria da Vida - Idade



"Observei que o carácter de quase todos os homens parece particularmente adaptado a uma certa idade da vida, de modo que nela se apresenta da forma mais proveitosa. Alguns são jovens amáveis, e depois isso passa, outros, homens enérgicos e activos, dos quais a idade rouba todos os valores. Muitos apresentam-se mais favoravelmente na velhice, quando são mais indulgentes por serem mais experientes e serenos."

Arthur Schopenhauer - Aforismos sobre a Sabedoria da Vida - Idade

Horizonte intelectual


sexta-feira, 28 de junho de 2013

A compaixão pelos animais






"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."
(Arthur Schopenhauer)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O SOL QUE REVELA O MUNDO ( Parte 4) Libertação



O domínio paterno, no entanto, era soberano e Arthur Schopenhauer não se sentia à vontade para pedir para sair. Heinrich morreu em 1805, sob suspeita de suicídio, quando Schopenhauer tinha 17 anos e sua única irmã, Adele, era uma menininha de oito anos. Mesmo depois da morte do pai, o filho não conseguiu se ver livre dessas amarras para projetar sua vida. Sentia-se moralmente obrigado a seguir a determinação paterna.

Já Johanna, que havia se casado aos 18 anos, não demorou para tirar as amarras e programar sua nova vida de viúva. Não se casou nunca mais, no entanto, levou a vida livre e regada de festas e saraus em Weimar, onde recebia os grandes artistas da época, entre eles, Schiller e Goethe.

Foi a mãe que o desobrigou do fardo de seguir o que o pai determinara. E aos 19 anos, Schopenhauer se sentiu livre para fazer os estudos que o levaria para o topo da cadeia intelectual. Mas o conflito com a mãe, a quem ele culpava pela morte do pai, seguiu até o fim, em meio a uma desconfiança geral sobre as mulheres.

Brilhante e brigão, “bastante desembaraçado com seus punhos”, ou seja, arruaceiro, Schopenhauer seguiu sua vida entre os estudos de Platão, Kant e, quando já escrevia sua tese de doutorado, os Upanishads, criando inimizade com Deus e o mundo. Foi implacável com todos que se punham a sua frente.

Quando completou 21 anos, recebeu a herança do pai e passou a viver de renda até o fim da vida, podendo se dedicar full time à sua filosofia, grandiosa e profunda, que dava crédito à arte como único caminho capaz de livrar o homem do massacre da vontade. A mesma arte que sua mãe havia condenado. Morreu em 1860, aos 72 anos.

Schopenhauer – e os anos mais selvagens da filosofia é um farol que lança luz sobre um dos pensadores mais ilustres e aguçados do Ocidente de todos os tempos. Safranski soube costurar bem a vida do filósofo e seu tempo, apontando as influências e as negações, mostrando como os filósofos se envolvem com o mundo e como o transformam. Schopenhauer foi um desses grandes transformadores.

(Gilberto G. Pereira. Publicado originalmente na Tribuna do Planalto em 24/06/2012)



terça-feira, 25 de junho de 2013

O SOL QUE REVELA O MUNDO ( Parte 1)

O SOL QUE REVELA O MUNDO ( Parte 1)


Em 1814, quando Arthur Schopenhauer tinha 26 anos e concluía o doutorado, uma discussão brutal se deu entre ele e a mãe, Johanna, que então gozava de grande prestígio como escritora de best-sellers. No calor da briga, ela disse que a tese dele, Sobre a raiz quádrupla do princípio da razão suficiente, devia ser “alguma coisa para farmacêuticos”.

O jovem filósofo retrucou à altura: “Será ainda lida quando não restar um só exemplar de teus escritos nem sequer num sebo.” Nem Tirésias seria tão severo, nem Hermes tão certeiro. As duas profecias foram confirmadas. De Johanna Schopenhauer não se encontra hoje nenhum exemplar, nem mesmo no mais volumoso e heterogêneo dos sebos.

Mas o filósofo também teve de melhorar, e muito, seu trabalho de doutorado até que se tornasse a obra respeitada e canonizada que se conhece atualmente sob o título O mundo como vontade e representação.

Toda essa história de conflitos interiores e embates colossais com todos que se punham à frente de Arthur Schopenhauer é contada em Schopenhauer – e os anos mais selvagens da filosofia (Geração Editorial, 2012, 688 páginas, tradução de William Lagos, R$69,90), de Rüdiger Safranski, mesmo autor de Nietzsche – biografia de uma tragédia e Heidegger – um mestre da Alemanha entre o bem e o mal, ambos publicados pela Geração.

Schopenhauer entrou para a história revolucionando o pensamento ocidental, erigindo um corpo teórico novo, fecundante, parte do qual é inegavelmente precursora da psicanálise, outra parte, precursora da hermenêutica heideggeriana, do existencialismo, do niilismo, do ateísmo filosófico.

Bem antes de Freud existir, o filósofo alemão já havia postulado alguns elementos daquilo que seria essencial na teoria psicanalítica, como a sexualidade. Muito antes de Heidegger, Schopenhauer já tinha elegido a arte como elemento veiculador da intuição, cujo grau de conhecimento seria mais elevado que os conceitos filosóficos preexistentes.

Os dois grandes conceitos que estruturam sua obra são vontade e representação. No entendimento comum, presente nos dicionários lexográficos e na filosofia tradicional, vontade é “o apetite racional ou compatível com a razão, distinto do apetite sensível, que é o desejo”, segundo o Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano.

Mas Schopenhauer redimensiona o significado de vontade e tira o fator racional de sua órbita. “A vontade é um impulso (Strebung) primário e vital”, explica Safranski. Abbagnano também cita um trecho de O mundo como vontade e representação para explicitar esse particular significado schopenhaueriano de vontade:

“É um ímpeto cego, irresistível, que já vemos aparecer na natureza orgânica e vegetal, assim como na parte vegetativa de nossa própria vida (...). O que a Vontade sempre quer é a vida, justamente porque esta é apenas o manifestar-se da Vontade na representação, e é simples pleonasmo dizer Vontade de viver em vez de Vontade”.

fonte: (Gilberto G. Pereira. Publicado originalmente na Tribuna do Planalto em 24/06/2012)


sábado, 22 de junho de 2013

O Mundo é a minha representação


O mundo é a minha representação. Esta proposição é uma verdade para todo o ser vivo e pensante, embora só no homem chegue a transformar-se em conhecimento abstrato e refletido. A partir do momento em que é capaz de o levar a este estado, pode dizer-se que nasceu nele o espírito filosófico. Possui então a inteira certeza de não conhecer nem um sol nem uma terra; mas apenas olhos que vêem este sol, mãos que tocam esta terra; numa palavra, ele sabe que o mundo que o cerca existe apenas como representação, na sua relação com um ser que percebe, que é o próprio homem.

Se existe uma verdade que se possa afirmar à priori é bem esta, pois ela exprime o modo de toda a experiência possível e imaginável, conceito muito mais geral mesmo que os de tempo, espaço e causalidade que o implicam. Com efeito, cada um destes conceitos, nos quais reconhecemos formas diversas do princípio de razão, apenas é aplicável a uma ordem determinada de representações; a distinção entre sujeito e objeto é, pelo contrário, o modo comum a todas, o único sob o qual se pode conceber uma qualquer representação, abstrata ou intuitiva, racional ou empírica. Nenhuma verdade é pois, mais certa, mais absoluta, mais evidente do que esta: tudo o que existe, existe para o pensamento, isto é, o universo inteiro apenas é objeto em relação a um sujeito, percepção apenas, em relação a um espírito que percebe, numa palavra, é pura representação.

SCHOPENHAUER, Arthur. In 'O Mundo como Vontade e Representação'


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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Nunca Tomar Ninguém como Modelo


Nunca Tomar Ninguém como Modelo




"Para as nossas ações e omissões, não é preciso tomar ninguém como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca são as mesmas e porque a diversidade dos caracteres também confere um colorido diverso a cada ação. Desse modo, duo cum faciunt idem, non est idem (quando duas pessoas fazem o mesmo, não é o mesmo). Após ponderação madura e raciocínio sério, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, também em termos práticos, a originalidade é indispensável; caso contrário o que se faz não combina com o que se é”.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'



Peruca

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pessoas comuns


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DISTÂNCIA E LONGA AUSÊNCIA PREJUDICAM QUALQUER AMIZADE


DISTÂNCIA E LONGA AUSÊNCIA PREJUDICAM QUALQUER AMIZADE


Distância e longa ausência prejudicam qualquer amizade, por mais desgostoso que seja admiti-lo. As pessoas que não vemos, mesmo os amigos mais queridos, aos poucos se evaporam no decurso do tempo até ao estado de noções abstratas, e o nosso interesse por elas torna-se cada vez mais racional, de tradição. 

Por outro lado, conservamos interesse vivo e profundo por aqueles que temos diante dos olhos, nem que sejam apenas os animais de estimação. Tão presa aos sentidos é a natureza humana. Por isso, aqui também são sábias as palavras de Goethe:
O tempo presente é um Deus poderoso.
Os amigos da casa são chamados assim com justeza, pois são amigos mais da casa do que do dono, portanto, assemelham-se antes aos gatos do que aos cães.

Os amigos dizem-se sinceros; os inimigos o são. Sendo assim, deveríamos usar a censura destes para nosso auto-conhecimento, como se fosse um remédio amargo.

Os amigos são raros na necessidade? Não, pelo contrário! Mal fazemos amizade com alguém, e logo ele estará em dificuldade, pedindo dinheiro emprestado.


Arthur Schopenhauer-Aforismos Para Sabedoria de Vida




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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Limites




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domingo, 16 de junho de 2013

O cérebro

O cérebro

O cérebro é o parasita ou o pensionista do organismo inteiro.


Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar












Ter pouco tempo para viver




"Nossa situação é realmente precária!Ter pouco tempo para viver,com muito trabalho,necessidade,medo e dor,sem mesmo saber de onde viemos,para onde vamos e por que vivemos,e ainda ter de suportar padres de todas as cores,com suas revelações a propósito,além de ameaças contra infiéis" 


Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar
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O amor é cego

“Quanto mais a vontade da espécie se revela mais forte que a do indivíduo, de forma que aquele que ama fecha os olhos a todas as características que lhe são repugnantes, não repara em nada, ignora tudo e se une para sempre ao objeto de sua paixão, tanto mais essa ilusão irá cegá-lo completamente e, tão logo satisfeito o desejo da espécie, ela irá se desvanecer e deixará apenas uma companheira detestável. Somente isso poderia explicar o fato de vermos constantemente homens bastante racionais, excepcionais, unidos a dragões e a mulheres que mais parecem o demônio e não entendermos como puderam fazer tal escolha. Por essa razão, os antigos representavam o deus Amor como cego.”

Arthur Schopenhauer - A arte de lidar com as mulheres

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Casar-se significa


"Casar-se significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade dos seus direitos.


Arthur Schopenhauer - A arte

de insultar

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Amigos


"Os amigos se dizem sinceros; os inimigos o são." 


Arthur Schopenhauer-A arte de Insultar



O Sexo é um Caso Sério


O Sexo é um Caso Sério

Pensai no casal mais belo, mais encantador, como ele se atrai e se repele, se deseja e foge um do outro com graça num belo jogo de amor. Chega o instante da volúpia, e toda a brincadeira, toda a alegria graciosa e doce de súbito desapareceram. Porquê? Porque a volúpia é bestial, e a bestialidade não ri. As forças da natureza agem por toda a parte seriamente. A volúpia dos sentidos é o oposto do entusiasmo que nos abre o mundo ideal. O entusiasmo e a volúpia são graves e não comportam a brincadeira. 


Arthur Schopenhauer, in 'Metafísica do Amor'


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Amor sexual — no homem e na mulher


Amor sexual — no homem e na mulher 


"O homem tende, por natureza, à inconstância no amor; a mulher, à constância. O amor do homem diminui sensivelmente tão logo é satisfeito: quase todas as outras mulheres o excitam mais do que aquela que ele já possui, por isso sente a necessidade de variar. Em contrapartida, o amor da mulher aumenta justamente a partir desse momento. Isso constitui uma conseqüência do objetivo da natureza, que visa conservar a espécie e, portanto, multiplicá-la o máximo possível. Com efeito, o homem pode comodamente gerar mais de cem crianças em um ano se tiver à disposição outras tantas mulheres; já a mulher poderia, por mais homens que tivesse, dar à luz apenas um filho por ano (exceto no caso de gêmeos). Por essa razão, o homem está sempre à procura de novas mulheres, enquanto estas prendem-se firmemente a apenas um homem: pois a natureza as leva a conservar, instintivamente e sem reflexão, aquele que nutrirá e protegerá a futura prole."

Arthur Schopenhauer - A arte de Insulta


A solidão é a sorte

A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais. - Arthur Schopenhauer
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terça-feira, 11 de junho de 2013

Solidão


A consciência clara do que a vida é

"Nossa vida é um episódio que pertuba,sem nenhuma utilidade,a serenidade do nada.Mesmo aquele que não considera a existençia como uma carga,á medida que passam os anos tem a consciência clara do que a vida é,em todos os seus aspectos,uma imensa mistificação,para não dizer uma formidável zombaria." 

Arthur Schopenhauer-Aforismos Para Sabedoria de Vida

Regras Essenciais para uma Boa Amizade



Os homens assemelham-se às crianças, que adquirem maus costumes quando mimadas; por isso, não se deve ser muito condescendente e amável com ninguém. Do mesmo modo como, via de regra, não se perderá um amigo por lhe negar um empréstimo, mas muito facilmente por lhe conceder, também não se perderá nenhum amigo por conta de um tratamento orgulhoso e um pouco negligente, mas amiúde em virtude de excessiva amabilidade e solicitude, que fazem com que ele se torne insuportável, o que então produz a ruptura. Mas é sobretudo o pensamento de que precisamos das pessoas que lhes é absolutamente insuportável: petulância e presunção são as consequências inevitáveis.
Em algumas, tal pensamento origina-se em certo grau já pelo facto de nos relacionarmos ou conversarmos frequentemente com elas de uma maneira confidencial; de imediato, pensarão que nós também devemos ter paciência com eles e tentarão ampliar os limites da polidez. Eis porque tão poucos indivíduos se prestam a uma convivência íntima; desse modo, temos de evitar qualquer familiaridade com naturezas de nível inferior.

Contudo, se esse indivíduo imaginar que é mais necessário a nós do que nós a ele, terá como sensação imediata a impressão de que lhe roubamos algo. Tentará então vingar-se e reaver os seus pertences. O único modo de desenvolver a superioridade na convivência com os outros é não precisar deles de maneira alguma e fazê-los perceber isso. Consequentemente, é aconselhável fazer sentir de tempos em tempos a qualquer um, homem ou mulher, que podemos muito bem passar sem ele. Isso fortalece a amizade.

Para a maioria das pessoas, não é prejudicial se, de vez em quando, adicionarmos uma pitada de desdém na nossa atitude para com elas. Atribuirão tanto mais valor à nossa amizade: Chi non estima vien stimato [Quem não estima é estimado], diz um fino ditado italiano. Se, todavia, alguém nos é de facto muito valioso, devemos ocultar-lhe essa conduta como se fosse um crime. Ora, semelhante atitude não é agradável, mas é verdadeira. Os cães quase não suportam uma amizade excessiva; os homens, menos ainda.


Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'


Seria bom comprar livros


"Seria bom comprar livros se, junto com eles, fosse possível comprar também o tempo para lê-los, mas na maioria das vezes troca-se a compra dos livros pela aquisição do seu conteúdo." 

Arthur Schopenhauer-A Arte de Insultar


sábado, 8 de junho de 2013

"A tarde é a velhice do dia. Cada dia é uma pequena vida, e cada pôr do Sol uma pequena morte."

Arthur Schopenhauer-Aforismo para a Sabedoria de Vida


O homem nunca é feliz


"Em primeiro lugar o homem nunca é feliz, passa a vida inteira lutando por algo que acha que vai fazê-lo feliz. Não consegue e, quando consegue, fica desapontado: ele é um náufrago e chega ao porto de destino sem mastros nem cordames. Não interessa mais se ele foi feliz ou infeliz, pois a vida foi sempre apenas o presente, que estava sempre sumindo e agora terminou" 

(Arthur Schopenhauer)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Schopenhauer para as crianças


O velho Arthur lembra-nos da condição humana quando colocamos um porco-espinho em nossos peitos:

"Um grupo de porcos-espinhos ia perambulando num dia frio de inverno. Para não congelar, os animais chegavam mais perto uns dos outros. mas, no momento em que ficavam suficientemente próximos para se aquecer, começavam a se espetar com seus espinhos. Para fazer cessar a dor, dispersavam-se, perdiam o benefício do convívio próximo e recomeçavam a tremer. Isso os levava a buscar novamente a companhia uns dos outros, e o ciclo se repetia, em sua luta para encontrar uma distância confortável entre o emaranhamento e o emgelamento."

SCHOPENHAUER E O AMOR


Todos nós teorizamos sobre a felicidade que o amor nos trará. A maioria faz da busca pelo amor a meta da sua vida. Mas o amor é um tema sobre o qual a filosofia não costuma falar. Como ele é uma das experiências da vida mais transformadoras e importantes, seria plausível imaginar que a filosofia fosse levar o amor muito a sério. Mas, de maneira geral, isso não acontece. Basicamente, o tema é deixado para os poetas, histérico e apresentadores de programas vespertinos de TV. Mas houve um filósofo que leva o amor muito a sério, e que o via como uma de nossas preocupações centrais. Seu nome era Arthur Schopenhauer.
Schopenhauer foi um filósofo que parecia entender a intensidade do que sentimos quando nos apaixonamos. Ele achava que estávamos certos de viver em função do amor, e que não havia outra coisa mais importante. Nosso erro segundo ele, era achar que a felicidade tinha algo a ver com isso.
De início, é difícil de acreditar que Schopenhauer pudesse entender de paixão ou que pudesse ajudar alguém que estivesse apaixonado.. Ele nunca se casou, vivia sozinho e, às vezes, mostrava-se bastante avesso às mulheres. Ele nasceu em Danzig, em 1778, mas passou a metade da vida em Frankfurt. Desde cedo buscava a felicidade no amor. Era inteligente, seguro, bonito e, depois que perdeu o pai, aos 17 anos, muito rico também. Mas não fazia sucesso com as mulheres, escrito de próprio punho.
Em 1821, aos 33 anos, ele conheceu uma mulher que gostou dele. Era uma cantora de 19 anos, Caroline Medon, mas ele nunca quis formalizar a relação. Eles chegaram a ter um filho. Ela queria se casar, mas ele não quis. Ele dizia que quando duas pessoas se casam, acabam fazendo de tudo para se detestar. Depois de dez anos de idas e vindas, o relacionamento acabou.
Mais velho, ele teve um relacionamento com a escultora e admiradora de sua filosofia Elizabeth Ney, que foi a Frankfurt fazer um busto seu, mas esse caso não pode ser considerado o ápice de uma vida romântica com a qual o jovem Schopenhauer sonhara.
Mas como um filósofo com uma vida romântica desastrosa poderia ter algo a nos dizer sobre o amor?
Para começar, ele dizia que o amor não é um assunto banal que não devemos vê-lo como distração de assuntos mais sérios ou adultos. Não é por acaso que se trata de um sentimento tão avassalador, capaz de tomar conta de nossa vida e de todos os momentos de nosso dia.
Ele diz que não devemos nos culpar tanto pelo estado de desespero e obsessão em que entramos se o amor fracassa. Ficar surpreso com a dor da rejeição é ignorar o quanto de entrega a aceitação exigiria.
Criamos histórias de amor para nós mesmo, imaginamos que nos apaixonaremos por um parceiro que nos fará felizes. Mas Schopenhauer via isso de maneira diferente. Para ele, nós nos submetemos a telefonemas ansiosos e jantares caríssimos, a luz de velas por uma única razão: o impulso biológico para perpetuar a espécie. Ele o chamava de “impulso de vida”. “Nada na vida é mais importante que o amor, porque o que está em jogo é a sobrevivência da espécie”. O amor é uma tática da natureza para nos levar a ter filhos. Por mais que gostemos de nos imaginar como seres românticos somos todos, basicamente, escravos do impulso de vida.
O fundamental na tese de Schopenhauer é que impulso de vida pode atuar de forma bastante inconsciente. Conscientemente, as pessoas podem querer ir a uma festa, mas inconscientemente o que as movem é a necessidade de se reproduzirem. Ele precisa ser inconsciente para ser eficaz, porque ninguém assumiria conscientemente o fardo da perpetuação. “O instante em que dois jovens se sentem atraídos um pelo outro deve ser considerado o nascimento de um novo indivíduo”. Sua tese explica a intensidade dessa atração.
Mas por que nos sentimos atraídos por algumas pessoas e não por outras?
Um dos maiores mistérios do amor é “por que ele?” ou “por que ela?
Inúmeras pessoas não provocam qualquer reação em nós, mesmo sendo, em tese, nossos pares ideais e acabamos nos apaixonando por outras com quem a convivência pode ser difícil. Schopenhauer tinha uma resposta: apaixonamos por uma pessoa quando sentimos, inconscientemente que ela pode nos ajudar a produzir herdeiros saudáveis. O amor é apenas nosso impulso de vida, descobrindo alguém que ele considere o pai ou a mãe ideal de nossos filhos.
Isso levou Schopenhauer a reflexões interessantes sobre a regra da atração. Atraímo-nos por pessoas capazes de contrabalançar nossas imperfeições, garantindo, assim, filhos fisicamente e mentalmente equilibrados. Pessoas muito altas são atraídas por parceiros mais baixos para que os filhos não sejam gigantes. Ele acrditava que a busca do equilíbrio se estendia até o tom da pele. Algumas das idéias de Schopenhauer podem parecer descabidas hoje. Há muitos tipos de vínculos emocionais e sexuais ao qual sua tese não se aplica.
Entretanto, uma geração antes de Darwin e cerca de 60 anos antes de Freud, ele foi o primeiro a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor.
Buscar a felicidade e ter filhos são projetos divergentes que o amor, astutamente nos faz enxergar como um só, pelo tempo necessário para produzir e criar os filhos. Só muito depois, com herdeiros saudáveis e equilibrados, correndo pelo jardim, nos damos conta de que fomos enganados, condenando-nos a separação ou começamos a passar os jantares num silêncio hostil.
Schopenhauer coloca-nos diante de uma escolha tácita. É como se, na hora de selar o casamento, um dos dois, o indivíduo ou o interesse da espécie, tivesse de sair perdendo. Para ele, não há dúvida que o indivíduo sofre mais.
Infeliz no amor, e tendo sua obra quase completamente ignorada, Schopenhauer vivia recluso num modesto conjugado em uma rua de Frankfurt chamada Schöne Aussicht, um nome irônico diante do pessimismo de sua visão, já que significa “belas perspectivas” em alemão.
No meio de tanta infelicidade uma de suas alegrias era a música. Antes do almoço ele tocava uma hora de Rossini ou outro compositor. Ele desenvolveu um pessimismo quase anedótico, aconselhando seus leitores a engolirem um sapo todas as manhãs para garantir que não se deparariam com nada mais repulsivo ao longo do dia. “A existência humana só pode ser algum erro. Pode-se dizer que, se hoje ela está ruim, as coisas só tendem a piorar, até que o pior de tudo aconteça.” Escreveu Schopenhauer. “É mais seguro confiar no medo do que na esperança.” Esta é uma frase com o pessimismo típico de Schopenhauer.
As companhias mais íntimas do filósofo passaram a ser vários poodles. Ele dedicava aos cães todo o seu afeto. Chegou a batizar um de Atma, a Alma primordial para os brâmanes, e passou a se interessar pela causa do bem-estar animal.
No fim da vida, suas idéias enfim, começaram a conquistar adeptos. Seu último livro, uma coletânea melancólica de ensaios e aforismos filosóficos, tornou-se um sucesso de vendas. Alemães amantes da filosofia começaram a comprar poodles em sua homenagem.
No auge da fama, ele a definiu dizendo: “ O Nilo, enfim, chegou ao Cairo.”Mas ele não teve tempo de desfrutar do sucesso e desenvolver pensamentos alegres. Em 1860, Schopenhauer voltou para casa, queixou-se de falta de ar e morreu.
“Se um deus criou este mundo não gostaria de ser esse deus, pois sua miséria e seu infortúnio me partiram o coração” disse Schopenhauer.
Talvez pareça estranho achar que Schopenhauer possa nos ajudar nas questões do amor, tendo sido um sujeito tão amargurado. Mas acho que ele nos deixou idéias confortadoras a respeito. Para começar, ele disse que se apaixonar é inevitável, que a biologia é mais forte que a razão. Assim, não somos infelizes por mero acidente, essencialmente somos iguais a todos ou outros animais. Sentimo-nos impelidos a encontrar um parceiro, a gerar filhos e criá-los e somente uma força poderosa como o amor seria capaz de nos motivar para isso.
Schopenhauer nutria um interesse especial por animais feios como toupeiras, porcos-espinhos e mangustos-anões. O que despertava seu interesse era a vida dura que eles levavam enfrentando invernos rigorosos, vivendo debaixo da terra e tendo filhos que mais se parecem com vermes gelatinosos e o fato de nada disso impedir que se reproduzissem. Ele achava que esses animais podiam nos ensinar sobre nosso comportamento, sobre como nos dedicamos à reprodução sem pensar necessariamente em felicidade. Se a reprodução nos entristece, se achamos que o casamento não vai bem, podemos aprender como esses nossos amigos vendo com eles não fazem isso por felicidade, mas porque precisam, por causa do impulso da vida.
Schopenhauer tem mais uma idéia a respeito do amor que pode nos ajudar quando somos rejeitados, muitas vezes, não entendemos porque o parceiro quis romper e nos sentimos rejeitados. Ele diz que quem termina o namoro não está rejeitando o parceiro. Não sou eu que não mereço o amor, mas é o impulso de vida de minha parceira que considerou que ela poderá ter filhos mais saudáveis com outro! Encontrei outra mulher que me considera o parceiro ideal, mesmo que apenas por uma questão de equilíbrio entre o meu nariz e o dela.
Talvez você estivesse feliz com a pessoa que o rejeitou, mas a natureza não estava. Por isso, vai ter de aprender a se desapegar. Numa visão tradicional, dizemos que um casal será feliz para sempre. Num olhar mais desiludido e moderno, estão condenados a discussões e ao divórcio precoce.
Schopenhauer convida-nos a assumir um ponto de vista diferente, e considerar que a felicidade não está em questão. Ele não queria nos deixar deprimido, mas nos libertar das expectativas que pode acabar gerando frustrações. Às vezes, os pensadores mais pessimistas,paradoxalmente, podem ser os que nos oferecem mais consolo!


Resumo do vídeo

FILOSOFIA PARA O DIA-A-DIA